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LOW PRESSURE FITNESS (LPF): A barriga negativa é novidade ou “invencionismo”?

LOW PRESSURE FITNESS (LPF): A barriga negativa é novidade ou “invencionismo”?
Felipe Kutianski
abr. 18 - 6 min de leitura
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O ano de 2018 foi sem dúvida cheio de novidades, lançamentos, modismos e dentro de todo esse “balaio” fitness, o LPF (Low Pressure Fitness) se destacou com uma força midiática incrível, principalmente pela proposta da “barriga negativa”, tão desejada por uma quantidade enorme de mulheres.

A grande popularidade do LPF foi ascendida em dois momentos: (1) aumento do número de celebridades praticantes e (2) resultados propostos pela técnica, como: melhora postural, redução da diástase abdominal (uma saliência no meio da barriga), limpeza intestinal, prevenção de hérnias, “afinamento” da cintura (sim, a proposta é A-F-I-N-A-R mesmo), entre outros.

Segundo o manual “TÉCNICA DA BARRIGA NEGATIVA” disponibilizado gratuitamente no site oficial no Brasil, o LPF baseia-se no método hipopressivo desenvolvido (atenção) na década de 80 por Tamara Rial e Piti Pinsach. Essa técnica foi implantada como um auxílio para recuperação da musculatura abdominal pós-parto. É nesse ponto que começa minha dúvida:

FOI DESENVOLVIDO OU É UMA“FATIA” DO YÔGA?

As práticas hipopressivas são aplicadas há muitos milênios no Oriente através do yôga e seus pranayamas, podendo ter servido como referência para criação do LPF, deixando um questionamento sobre o “desenvolvimento” do método apresentado pelo manual. 

Como “embaixador oficial da chatice”, eu sempre desconfio das ideias revolucionárias que entram no mercado, principalmente em relação à técnica e referencial utilizado na criação e os resultados ofertados.

Para tentarmos entender um pouco mais sobre o low pressure fitness, vamos por partes, igual jack “o estripador”:

O QUE É A TÉCNICA HIPOPRESSIVA?

Esse trabalho hipopressivo é milenarmente antigo e muito praticado dentro do yôga através dos bandhas, principalmente pelo aspecto de “limpeza” do organismo. Os trabalhos de ginásticas abdominais hipopressivas e treinamentos musculares do assoalho pélvico são utilizados já há muitos anos dentro da fisioterapia e do Pilates, como grandes ferramentas no tratamento da continência urinária, assim como inúmeros outros exercícios dentro do universo tântrico, onde se utiliza o pompoarismo para o fortalecimento de toda região genital, incluindo o tão comentado assoalho pélvico.  

COMO FORAM ESCOLHIDAS CADA TÉCNICA DO LPF?

Analisando as práticas e seus referencias teóricos, fica difícil de entender o porquê da utilização do Uddiyana Bandha isoladamente, e não toda linha de pranayamas e asanas como uma prática tradicional de yôga já existente. É nesse momento que comecei a olhar o LPF como um verdadeiro “sanduíche” de técnicas antigas, em uma nomenclatura mais atual e atrativa comercialmente.

Não estou colocando isso como algo negativo (ainda), mas apenas chamando toda atenção para algo obscuro dentro da publicidade, pois a famosa barriga negativa é muito mais antiga do que imaginamos.

MELHORA DA FAMOSA DIÁSTASE ABDOMINAL!

A diástase abdominal é basicamente a “frouxidão” ou distanciamento dos músculos abdominais (principalmente reto abdominal) e da linha Alba. Esse processo é muito comum no processo gestacional, podendo causar uma flacidez da região abdominal pós-parto. 

Somente nessa breve descrição da diástase abdominal, já é possível compreender o porquê do público feminino “abraçar” calorosamente esse marketing do LPF.

As pesquisas desenvolvidas dentro da educação física e da fisioterapia sempre foram (e são) de uma importância indiscutível no processo de recuperação pós-parto de inúmeras mulheres, recordando que os exercícios ginásticos hipopressivas e os treinamentos focados no assoalho pélvico são utilizados há muito tempo antes da formação do conceito sobre low pressure fitness.

O yôga apresenta um riquíssimo resultado no trabalho de fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico através de seu Bandhas, sendo recomendados por uma gama de pesquisadores como uma ferramenta auxiliar nos tratamentos e prevenções de várias patologias.

HIPÓTESE!

Nossa atenção deve ser direcionada ao detalhe colocado pelo site da LPF Brasil: hipótese. Isso mesmo, os trabalhos em diástase abdominal do LPF são desenvolvidos em hipóteses, não em estudos conclusivos afirmando uma significância maior em relação aos métodos já utilizados. Ambos os estudos citados, apontam os resultados similares e positivos com modelos  tradicionais como treinamento resistido, pilates, yôga, etc... Ou seja, o que já conhecemos há muito tempo.

A hipótese do estudo referenciado é um trabalho criado em cima de treinos de baixa pressão (hipopressivos), o que não é uma grande novidade, visto que Uddiyana Bandha já é utilizado pela yôga a mais ou menos quatro mil anos.

A REEDUCAÇÃO POSTURAL DOS SUJEITOS!

O trabalho de reeducação postural foi desenvolvido em 1981 por Philippe Emmanuel Souchard através dos estudos de Françoise Mézières, criando e nomeando sua técnica mundialmente famosa, o R.P.G (Reeducação Postural Global). Destrinchando novamente os resultados oferecidos, no LPF não vejo nada de inédito em relação aos objetivos já apresentados pelo francês.

Dentro do "leque" de técnicas utilizados pelo RPG, o LPF dá uma ênfase no princípio da fluagem, ou seja, na ativação constante dos músculos responsáveis pela estabilização e controle postural. Mas não podemos esquecer que a musculação, pilates, yôga e crossfit também apresentaram um grande foco em relação as posturas e execuções corretas dos movimentos trabalhados em suas práticas. 

 O objetivo central dessa matéria é tentar mostrar e identificar o que é novidade comercial e novidade  científica, pois são coisas totalmente diferentes, porém, com um bom trabalho de marketing e fragmentação de técnicas ou conceitos, algumas pessoas podem ser induzidas ao erro.

EM QUE MOMENTO O LPF PODE SER UM ERRO?

O erro aqui não é sobre a utilização do LPF na busca dos resultados oferecidos, mas sim na forma que ele é apresentado e comercializado, como uma inovação. Não vejo problema algum em colocar o LPF como promulgador dos treinos hipopressivos, mas não é correto afirmar que eles são os criadores dessa técnica.

Vejo o LPF tentando seguir a mesma “trilha” do Crossfit, mas utilizando outro público como alvo através da “fatiação” de inúmeras técnicas já implementadas no mercado, e “lapidando” de forma mais comercial ao público.

O LPF É NOVIDADE OU NÃO?

Poderíamos finalizar dizendo  que a sigla LPF (Low Pressume Fitness) é algo novo no mercado, mas suas técnicas não, pois estão faz anos no mercado com outras nomenclaturas.

 

Até a próxima!


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