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OS ESPAÇOS FITNESS EM TEMPOS DE CRISE: REPENSANDO SUA POSIÇÃO PARA CONQUISTAR CLIENTES

OS ESPAÇOS FITNESS EM TEMPOS DE CRISE: REPENSANDO SUA POSIÇÃO PARA CONQUISTAR CLIENTES
Thiago Pimenta
fev. 24 - 7 min de leitura
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No ano de 2017 ministrei aulas nos cursos de Educação Física na disciplina de Administração e Gestão. Naquele ano, obviamente busquei os dados mais atualizados sobre a temática e os apresentei. Pudemos evidenciar que até o ano de 2017, o mercado fitness crescia independentemente da crise econômica mundial. Dados que nos deixaram otimistas em relação à esta área.

Contudo, ao averiguar os dados e notícias atualizados do setor – 2018/2020 temos algumas surpresas:

  • Para enfrentar a crise da falta de dinheiro na economia, a redução da renda dos brasileiros e a concorrência acelerada, o mercado fitness se desdobra para sobreviver com novas estratégias e mais investimentos (Estado de Minas, 18/08/2019);
  • Brasil perde posição no ranking de faturamento: de acordo com o relatório da IHRSA o país perdeu, em 2017, duas posições em faturamento – para os mercados da Itália e Espanha – ficando em 12º lugar quanto à receita gerada (ACAD Brasil, 2018, p.12).
  • “O Brasil ocupa o segundo lugar em número de estabelecimentos e é o quarto em número de clientes. Infelizmente apresenta uma queda no ranking de faturamento e ainda está na 27ª posição mundial quanto à taxa de penetração” (Dale, Maria José, 2018).

Coloquei algumas importantes considerações para termos um panorama geral do que ocorre neste mercado. Podemos identificar que, apesar da crise econômica, os números de academias crescem, contudo o número de clientes cai de forma significativa, levando consequentemente a uma queda no faturamento.

Seguindo a linha de raciocínio de nosso colega Herbert Oliveira que escreveu aqui em 12 de abril de 2019, vemos que o número de academias sobe, mas a quantidade de praticantes só cai.

Além disso, uma grande parte das academias corresponde às micro e pequenas empresas, algo girando em torno de 80% em um país que, historicamente, não facilita muito para este setor, com pretensões de auxílio, mas ainda com poucas amostras reais disso.

Em Janeiro de 2019, a Boa Vista Serviços divulgou uma pesquisa evidenciando que em 2018, 96,5% das empresas do país que entraram em processo de falência eram Pequenas Empresas.

Apenas 5 a 6 % da população brasileira ganha a partir de 5000 mil reais por mês, ou seja, a parcela que pode consumir o produto das academias é muito pequena no Brasil (Perfeito, André, 2018), significando que os concorrentes deste setor, literalmente “lutam para se agarrarem à 'borda de uma fatia de pizza'."

De acordo com o Economista André Perfeito, mestre em Economia Política pela PUC-SP, entrevistado pela ACAD Brasil em 2018, a taxa de penetração deste setor, que é baixo, pode até crescer, mas “só se a renda no País for distribuída com menos desigualdade” (Perfeito, André, 2018).

Bem, acho que encontramos um ponto crítico ao tratar deste segmento de mercado. Se possuímos um contingente de apenas 6% que pode consumir os produtos e serviços deste segmento, vejamos como andam os números dos que não podem pagar:

De acordo com o IBGE, entre 2016 e 2017, a pobreza no Brasil passou de 25,7% para 26,5% da população e o número dos extremamente pobres (os que vivem com menos de R$ 140 mensais), subiu de 6,6% para 7,4% dos brasileiros.

A síntese dos Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE em 2019 afirma que os 10% da população com maiores rendimentos ganham em média 13 vezes mais dos que os 40% da população com os menores rendimentos. Acrescenta-se também que o índice de Gini vem subindo há quatro anos, o que indica que a desigualdade no Brasil vem aumentando neste período. Com esta realidade podemos afirmar que não temos um número potencial de clientes como gostaríamos.

Neste sentido, esperar que a economia mude ao longo do atual governo pode soar otimista, mas não é uma estratégia. Com os números acima, identificamos uma realidade que está se configurando como uma maior quantidade de espaços fitness lutando por um número cada vez mais reduzido de clientes. Ou seja, é melhor agarrar-se ao máximo à borda da fatia daquela pizza.

É evidente que “há os que choram e os que vendem lenços”, mas a realidade deste mercado ficará cada vez mais difícil para os proprietários que, em muitos casos, no desespero por novos clientes, entregam-se aos modismos de momento, ou ao “mais do mesmo”, vendo-se obrigados a ter prejuízo.

Avancemos um pouco mais. Evidente que, pensar na qualidade do espaço, equipamentos, formação profissional, novas metodologias de trabalho, novas TICs para o fitness contribui para um negócio de qualidade, contudo, isso não significa a fidelização do cliente. Este precisa ter a certeza de que a academia se aproxima de seus ideais e compreensão de mundo.

Aqui abrimos outro caminho: Em um mundo de patinetes, bicicletas e carros elétricos, com empresas buscando cada vez mais seu papel social, os espaços fitness precisam compreender que a forma de ver o mundo de seus clientes ou futuros clientes está cada vez mais voltada à sua responsabilidade social e à sustentabilidade.

Por isso, talvez hoje, a melhor estratégia de adesão e aderência seja repensar o lugar de sua empresa no mundo e qual a diferença que ela fará na sociedade. Quem sabe seja a grande lição desta crise para o segmento fitness?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

  • Revista ACAD Brasil: principais players e mudanças no top ten, Ano 20, 3 Edição, agosto, 2018.
  • SEBRAE. Serviço de apoio às micro e pequenas empresas, v. 27, 2014. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae. Acesso em: 14 mar. 2019.
  • DE LIZ, Carla Maria; ANDRADE, Alexandro. Análise qualitativa dos motivos de adesão e desistência da musculação em academias. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 38, n. 3, p. 267-274, 2016.
  • OLIVEIRA, T. G. Levantamento das estratégias de captação e retenção de clientes adotadas por empresas fitness de grande porte na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Educação Física) –Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2005.
  • ROCHA, Joni Edson da. Administração de carreiras: estratégias para compreender e melhorar a comunicação entre empresa e funcionários no programa de ascensão profissional do Banco do Brasil. Escola de Administração (MBA em Finanças) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

 


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