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Doenças Crônicas, Inatividade Física e Exercício: Quem paga essa conta?

Doenças Crônicas, Inatividade Física e Exercício: Quem paga essa conta?
Thiago Pimenta
set. 16 - 6 min de leitura
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Hoje vamos falar sobre o que é atividade física e exercício físico.
Sei que o leitor que nos acompanha está aqui exatamente por isso e, provavelmente é uma pessoa fisicamente ativa e incentiva os outros a serem também, correto?

Mas você, por acaso, sabe que quem paga pela inatividade do resto da população brasileira sedentária é você? Especialmente quando falamos do viés das doenças crônicas. Vamos ver como isso funciona.

As doenças crônicas, como exemplo, diabetes, hipertensão, alterações lipídicas, etc. são compostas por um conjunto de condições crônicas, relacionadas a várias causas, têm um início gradual e são geralmente silenciosas, podendo gerar incapacidades. Elas requerem intervenções com o uso de tecnologia e mudança do estilo de vida.

Qual a relação do nosso bolso com doenças as crônicas da população?

Podemos perceber que o SUS (Sistema Único de Saúde), gasta muito dinheiro por conta de tais doenças, seja com os tratamentos ou internações.

Mas você sabia que o exercício físico é uma forma de prevenção e até mesmo uma das formas não farmacológicas para o tratamento de doenças crônicas? Provavelmente já, mas façamos um levantamento específico disso:

  1. Estima-se que 75% dos casos novos de doenças não-transmissíveis poderiam ser explicados por dieta e inatividade física;
  2. O baixo condicionamento cardiorrespiratório, a pouca força muscular e o sedentarismo, por exemplo, aumentam em três a quatro vezes a prevalência da Síndrome Metabólica (SM);
  3. Quanto maior o gasto energético diário menores os riscos de doenças cardiovasculares;
  4. O baixo condicionamento cardiorrespiratório parece ser preditor de doença cardiovascular;
  5. O alto e o moderado condicionamento físico promovem uma proteção aos outros fatores de risco associados (colesterol, presença de doença, hipertensão e tabagismo);
  6. A relação entre o índice de massa corporal e mortalidade foi observado no IMC entre 23,5 e 24,9kg/m2 nos homens e 22 e 23,4kg/m2 nas mulheres;
  7. Aumento significativo no risco de morte por doença cardiovascular foi observado a partir de 25kg/m2 nas mulheres e 26,5kg/m2 nos homens;
  8. O exercício de força traz efeitos protetores contra a síndrome metabólica (COELHO; BURINI, 2009)

Agora vejamos o impacto disso: no Brasil, em 2004, foi estimado que foram gastos R$ 30,8 bilhões relacionados a doenças crônicas,  afetando o sistema econômico do SUS.

Um estudo realizado em Pelotas no ano de 2007, avaliou a redução de custos que poderia ser provocada pela atividade física para internações hospitalares por doenças do aparelho circulatório (DAC) e diabetes e também nos custos com remédios para o tratamento do diabetes e da hipertensão arterial feitos pelo Sistema Único de saúde (SUS).

Após o levantamento de dados, foram encontrados os seguintes valores: O SUS gastou com 2.272 com internações hospitalares por doença circulatório R$ 4.253.489,00. Com 210 internações hospitalares por diabetes mellitus foi R$ 105.046,90.

Sobre a utilização de medicamentos para o tratamento do diabetes e a hipertensão, o gasto do SUS com o tratamento da diabetes foi aproximadamente R$ 289.907,01 e com os remédios para a hipertensão foi R$ 105.539,16 (BIELEMANN; KNUTH, 2010).

Foi feito um cálculo da estimativa dos custos financeiros devido a inatividade física,  foram verificados os valores em Reais (R$) relacionados ao risco relativo (RR) de contrair cada uma das doenças em pessoas que são inativas, com os custos que estão envolvidos.
Então ficou RR = 2,0 para doenças cardiovasculares, RR = 1014 para diabetes e RR = 1,13 para utilização de medicamentos. E o cálculo da redução dos custos, foi feito a partir do efeito protetor da atividade física, onde 1,0/2,0 = 0,50 ou 50% para doenças do aparelho circulatório, 1,0/1,14= 0,87 ou 87% para o diabetes e 1,0/1,13 = 0,88 ou 88% para a utilização de medicamentos. 1,0/ RR da doença nos inativos= percentual de redução de custos.

Podemos perceber que existe um gasto alto devido a essas doenças.

Quanto então poderia ser economizado se as pessoas fossem fisicamente ativas?

Segundo o estudo, com a soma das internações associadas ao diabetes, no ano é gasto aproximadamente R$ 100.000,00, mas esse gasto pode ser diminuído para R$ 14.000,00. O gasto com medicamentos para diabetes é R$ 300.000,00, mas pode ser reduzido para R$ 40.000,00. Com as internações por doenças cardiovasculares, dos R$ 4.250.000,00 que é gasto no ano, R$ 2.100.000,00 aproximadamente poderia ser economizado. O gasto com medicamentos para a hipertensão é de R$ 100.000,00, poderia ser economizado R$ 13.000,000.

Aparentemente, uma política de incentivo para o aumento de exercícios físicos poderia trazer um custo significativamente menor para o Estado. Portanto, se uma população for fisicamente ativa, ela pode prevenir toda essa cascata.

Políticas Públicas de incentivo à prática e disponibilização de informações são fundamentais, mas os protagonistas para essa transformação são os profissionais da saúde.

O isolamento em sua zona de conforto não ajuda neste processo.

Vida longa, próspera e ativa para todos!

PS: Agradecimentos especiais à estagiária Carolina Pavan, do último ano de Graduação em Educação Física UNIBRASIL/Curitiba, que realizou a coleta dos dados.

 

*Os textos produzidos pelo colaborador não expressam, necessariamente, a opinião dos outros participantes da comunidade, sendo 100% de responsabilidade do autor.

 

Referências:
BIELEMANN, Renata Moraes; KNUTH, Alan Goularte; HALLAL, Pedro Rodrigues Curi. Atividade física e redução de custos por doenças crônicas ao Sistema Único de Saúde. 2010.

COELHO, Christianne de Faria; BURINI, Roberto Carlos. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e da incapacidade funcional. Revista de Nutrição, v. 22, n. 6, p. 937-946, 2009.

FELDENHEIMER, Ana Carolina et al. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Ministério da Saúde. Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS 2013.

POLISSENI, RIBEIRO. C, Maria Lúcia; Luiz Cláudio. Exercício físico como fator de proteção para a saúde em servidores públicos. Núcleo de Assessoria, Treinamento e Estudos em Saúde – NATES da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil. Rev Bras Med Esporte – Vol. 20, No 5 – Set/Out, 2014.


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