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O Envelhecimento e a Atividade Física: uma relação que vai muito além das barras e anilhas

O Envelhecimento e a Atividade Física: uma relação que vai muito além das barras e anilhas
Thiago Pimenta
mai. 21 - 4 min de leitura
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Ouço muito sobre o envelhecimento e a saúde. Como profissional de Educação Física, talvez seja um dos discursos que mais ouço atualmente. No entanto, meus alunos de graduação, ainda se preocupam muito pouco com este público.

Estranho, pois vivemos em um País que em 2030 terá a quinta maior população idosa do mundo e, pela primeira vez, em 2050 teremos mais idosos do que crianças menores do que 15 anos.

Acrescenta-se que teremos mais idosas do que idosos.

Além disso, nosso contexto atual mostra a grande dificuldade que este público está passando nesta batalha contra a COVID-19. Natural o aumento dos informes sobre os cuidados para a população idosa.

O que me interessa aqui é expor algumas preocupações que me incomodam profundamente quando tentamos associar exercício físico, saúde e idosos.

Existe uma penumbra de senso comum ao tratar com este tipo de público.

Primeiramente precisamos compreender que o envelhecimento é inevitável e que o exercício físico tem um papel fundamental na manutenção da funcionalidade do idoso. Para isso, o domínio do que se fazer, especialmente em quadros clínicos, é essencial.

Nas academias em que assessoro, esta é, estranhamente, uma preocupação muito pequena, ou, muitas vezes nem cogitada. Não há nenhum projeto de captação destes clientes, muito menos treinamentos especializados para os professores.

Outra importante preocupação refere-se às recomendações que alguns colegas, especialmente em início de carreira, tem em relação à este público, muito provavelmente porque veem a velhice como algo fora de suas realidades, ignorando que a probabilidade de morte para um indivíduo a partir dos 30 anos de idade DOBRA a cada 8 anos.

Muito provavelmente este tipo de interpretação seja feita por acharmos muito distante esta realidade, dificultando um acolhimento mais especializado ou mesmo mais empatia.

E isso é, para além de quesitos técnicos, mais importante para se iniciar um trabalho de planejamento e prescrição mais preciso.

Há quase que um automatismo quando idosos começam um programa de exercícios. O profissional já pensa na “força”.

Claro que, visualmente a perda de força é um dos fatores recorrentes no processo de envelhecimento, especialmente a partir dos 50 anos de idade, sem contar que perda de massa muscular torna-se crítica aos 80 anos – 50%.

Aos que me acompanham aqui no Interação Fitness sabem que sou um profundo defensor da variabilidade de qualidades físicas, não é diferente quando falamos de envelhecimento e exercício físico.

Assim, gostaria de lembrar algumas outras importantes informações sobre as outras qualidades físicas e suas fundamentais adaptações essenciais para o idoso. Comecemos pelo treinamento aeróbio:

Treinamento aeróbio para idosos

Intensidades moderadas mostram reduções maiores na Pressão Arterial; aumento do número de hemácias; aumento do calibre da câmara ventricular esquerda; aumento da superfície mitocondrial; menor déficit de oxigênio; melhor aproveitamento do O2;


Treinamento de flexibilidade para idosos

Aumento da capacidade de extensão; redução do nível de tensão; redução da probabilidade de que um brusco alongamento possa lesionar o tecido devido à um processo mais coordenado de contração e controle da velocidade de contração muscular.


Treino de força para idosos

Aumento da capacidade oxidativa; aumento da quantidade de miofibrilas; reversão da velocidade de perda mitocondrial; aumentos modestos na hipertrofia (pois a força é mais visível); aumento de força, em sua maioria, advém, por adaptações neurais.
 


Conclusão

Há evidências de que exercícios moderados e combinados e complexos, evidenciam melhores as adaptações do que o treinamento de apenas uma qualidade física ou exercícios mais simples.

Portanto, gostaria de deixar em evidência que o planejamento com prescrições de exercícios que sejam combinados e mais complexos e de, preferencia associado à estímulos cognitivos, tem mais significância do que o contrário.

Lembremos mais uma vez que é a saúde que leva ao exercício, ou seja, em sua grande maioria nosso trabalho está ligado à prevenção, salvo clínicas de reabilitação, o que nos conduz à afirmar nosso papel como profissionais que precisam incutir uma cultura do treinamento e da preparação física.


REFERÊNCIAS
Dantas, Estélio,  et al. A preponderância da diminuição da mobilidade articular ou da elasticidade muscular na perda de flexibilidade no envelhecimento, 2002.

Freitas, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia. In: Tratado de geriatria e gerontologia. 2006. p. iii, 1573-iii, 1573.

Platonov. Teoria Geral do treinamento Desportivo Olímpico, Artmed, 2004.


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