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É HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL GASTAR 1000 CALORIAS EM UM TREINO!

É HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL GASTAR 1000 CALORIAS EM UM TREINO!
Felipe Kutianski
mai. 8 - 4 min de leitura
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É inacreditável como estamos sendo “bombardeados” diariamente por publicidades cada vez mais lunáticas e sem qualquer fundamentação científica em suas bases sobre o gasto calórico. Muitas, focadas apenas na manipulação do senso comum da grande maioria da população, afim de atrair o maior número de clientes.

Novas modalidades estão utilizando palavras de impacto (“power”, “hard”, “extreme”, “camp”, “militar”... linguiça e mais linguiça) para fazer uma conexão aos valores de calorias gastas em suas ações, como se tivesse alguma coisa ou verdade em comum.

Para entender melhor sobre esses cálculos psicografados, primeiramente precisamos esclarecer o que é caloria. De forma bem rápida e resumida, a caloria é uma unidade de medida de energia, só isso. Uma maneira de compreender tudo isso é lembrarmos das aulas de ciências do colégio, onde sempre aprendemos que é necessário 1 caloria para elevar em 1ºC a temperatura da água em 1L (dica para o ENEM). Então, vamos pensar no gasto calórico dessas novas aulas:

1Kcal (+1ºC) = 1L

1000Kcal (+1ºC) = 1000L ou 1 TON

Se mantivermos uma visão através da física, isso é absurdamente muita energia gerada. Ou seja, você não é um atleta, mas praticamente uma termoelétrica.

Fazendo um cálculo bem global e misturado, normalmente, as pessoas necessitam de um valor médio de 2000Kcal de energia para manter seu estado corporal normal, sem qualquer perda ou ganho.  

Para vocês terem uma ideia, só em digitar este texto aproximadamente 96Kcal foram gastas. Com essa brincadeira de matemática básica, você já consegue imaginar que utilizar 1000kcal em uma única atividade do seu dia é simplesmente impossível - e tentar pode ser muito perigoso.

MAS, QUANTO EU GASTO NO MEU TREINO?

O consumo calórico da atividade física pode ser realizado de inúmeras formas, porém, os "diamantes" seriam: Calorimetria e Análise de gases. Infelizmente, ambos são inacessíveis para a grande maioria da população e muitos economicamente inviáveis para as academias disponibilizarem aos seus clientes. Atualmente, as fórmulas de predição são as ferramentas mais comuns, principalmente a fórmula de Keytel (utilizada nos dispositivos como esteiras e relógios esportivos).

Para dar um xeque-mate nas aulas “queimadoras” de calorias express,  peguei o exemplo de Keytel e colaboradores (2005) :

GE (kj.min) = sexo x (-55.0969 + 0.6309 x FC + 0.1988 x P + 0.2017 x I) + (1 – sexo) x (-20.4022 + 0.4472 x FC – 0.1263 x P + 0.074 x I)

Onde:

GE = gasto energético

sexo = 1 para homens e 0 para mulheres

FC = frequência cardíaca média por minuto

P = peso

I = idade em anos

Então...

homem = gênero 1

idade = 27

peso = 84

FC = 164bpm

duração do exercício = 52min (para achar o valor é só dividir 52/60 = 0,866h)

           

GE = ((-55,0969 + (0,6309 x HR) + (0,1988 x W) + (0,2017 x A))/4,184) x 60 x T

GE = ((-55,0969 + (0,6309 x 164) + (0,1988 x 84) + (0,2017 x 27)) / 4,184) x 60 x 0,866

GE = ((-55,0969 + 103,4676 + 16,6992 + 5,4459) / 4,184) x 60 x 0,866

GE = ((70,5158) / 4,184) x 60 x 0,866

GE = 16,8536 x 60 x 0,866

GE = 875,7kcal

O exemplo acima coloca que o aluno treinou, sem intervalo algum, durante 52 minutos na intensidade de 85% da sua frequência cardíaca máxima, e obteve um gasto de 875,7Kcal.

Conseguem imaginar um volume, intensidade e frequência cardíaca para gastar 1000kcal em 40/50 minutos?

A ideia desse post não foi dizer como gastar mais calorias ou quais atividades podem gerar maiores gastos, e sim esclarecer que valores elevados de gastos energéticos podem ser uma grande armadilha comercial para pessoas desinformadas. Fique esperto!

Um abraço.


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