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EXERCÍCIO FÍSICO EM TEMPOS DE PANDEMIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE IMUNIDADE

EXERCÍCIO FÍSICO EM TEMPOS DE PANDEMIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE IMUNIDADE
Thiago Pimenta
mar. 24 - 6 min de leitura
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No meu último post, tratei do tema negócio de academia em tempo de crise. Contudo, tratei da crise econômica mundial. Como poderíamos esperar que em menos de dois meses pudéssemos vivenciar uma Pandemia?

Pois bem, como profissional de Educação Física com a felicidade de possuir abertura neste espaço, acredito ser meu papel ético dar algumas explicações – simples – mas relevantes que, na prática do dia-a-dia da intervenção profissional, acabamos nos esquecendo.

No ano de 2009 chega ao Brasil a H1N1. Uma Pandemia que assolou o globo. Naquela época fomos pegos de surpresa e muitos profissionais de saúde também tiveram que se adaptar àquela realidade.

Hoje, primeiro trimestre de 2020, passamos por mais uma Pandemia. Agora, o mundo conhece o COVID-19. De certa forma, já temos estratégias bem definidas para combatermos este perigo, não que não tivéssemos protocolos anteriores, mas hoje, tendo o H1N1 na memória, já não podemos nos chamar de “novatos” quando o assunto é Pandemia.

Chamo a atenção aqui para alguns fatores fundamentais, dentre eles: o que aprendemos com a H1N1? Colocamos álcool em gel nos estabelecimentos, aprendemos a modificar a etiqueta de convivência?

Olha, sinceramente, vejo que pouco ficou de aprendizado com o H1N1. Álcool em gel não se encontrava mais nos estabelecimentos para serem utilizados, as pessoas não se preocupavam mais em tampar suas bocas para espirrar ou tossir.

Enfim, reforço que as crises são oportunidades que nos permitem adaptações necessárias para melhorarmos nossas vidas. No nosso caso, vamos voltar nosso olhar para o Exercício:

Treinamento físico é quase um sinônimo de saúde – em alguns casos – mas qual seria sua relevância em períodos como este? Até a data de hoje, estamos vendo que o COVID-19 mata mais idosos e pessoas imunocomprometidas como portadores de doenças que já afetam o sistema imunológico, pacientes em quimioterapia, etc. Portanto, até que ponto o exercício físico contribuiria para manter nossa saúde imunológica?

Para responder esta pergunta, é importante entender (lembrar, pois todos os profissionais de Educação Física viram isso na faculdade) que duas principais formas de variáveis são vistas neste processo:

O exercício nos traz adaptações de duas importantes formas: Adaptações agudas – aquelas imediatas, que ocorrem durante ou logo após sua realização e as adaptações crônicas, aquelas que ocorrem durante o processo continuo de treinamento. Cada adaptação variando de acordo com o modelo de estímulo proposto: treinamentos para flexibilidade, força, potência, aeróbicos. Para cada estímulo adaptações essenciais para nossa saúde.

Pois bem, ao longo do processo de treinamento – meses e anos – uma das principais adaptações é o fortalecimento do sistema imunológico. Contudo, durante o treinamento, geramos adaptações agudas em nosso sistema imunológico também. A literatura especializada sobre a temática afirma que as alterações agudas durante o exercício e logo no final, especialmente em exercícios extenuantes reduzem a resposta imunológica.

Ou seja, O exercício moderado parece melhorar os mecanismos de defesa do organismo, enquanto que o exercício intenso parece enfraquecê-los (LEANDRO, CAROL, 2007).

Aparentemente, a literatura está evidenciando que o exercício físico moderado aumenta a função dos leucócitos, melhora os mecanismos de defesa antioxidante e a produção de anticorpos diminuindo a suscetibilidade às doenças.

Ainda, a autora relata que “As células do sistema imune parecem apresentar mecanismos adaptativos de tolerância que permitem a melhora da sua função em resposta ao exercício físico regular e de intensidade moderada (LEANDRO, CAROL, 2007).

Semelhante à Rosa e Vaisberg (2002), que afirmam que o exercício de alta intensidade praticado em condição de estresse provoca um estado transitório de imunodepressão.

Terra et al (2012) afirmam que os exercícios de intensidade moderada estimulam uma resposta pró-inflamatória, enquanto exercícios de alta intensidade estimulam uma resposta anti-inflamatória devido aos danos no tecido muscular.

Rosa e Vaisberg (2002) afirmaram que os exercícios de alta intensidade estão associados ao aumento da incidência de doenças infecciosas, especialmente das vias aéreas superiores.

Quanto ao estresse causado pelo exercício, bem como a resposta do sistema imunológico Krinski e colaboradores (2010) também afirmam que os exercícios moderados (< 60 % do Vo2máx com duração < 60 min) causam menores perturbações, contudo, exercícios intensos, acima do colocado, tendem a aumentar os riscos de infecções nas vias aéreas superiores.

Bem, aparentemente a literatura está chegando a um importante consenso quanto a intensidade do exercício e o risco de infecções das vias aéreas superiores.

Contudo, por mais que possamos fazer estas afirmações, diversas outras variáveis também estão envolvidas quando falamos de sistema imunológico, como estresse, qualidade de vida, dieta, etc.

Assim, neste caso, como profissional de Educação Física, sugiro o distanciamento social, mas forçando ao máximo que haja manutenção da rotina, seja acordar nos horários normais, realizar atividades domésticas e, claro, manter a rotina de treinamento diária de nossos alunos e clientes, mesmo que façam seus treinos em casa com intensidades leves à moderadas e manter a dieta. E lembrem-se que comprar 1000 pacotes de papel higiênico não salvará sua vida.

Para escolher suas atividades, o post do professor Ricardo Martins sobre exercícios e o COVID-19 pode te ajudar bastante também.

 

Referências

KRINSKI, Kleverton et al. Efeitos do exercício físico no sistema imunológico. RBM, v. 67, n. 7, 2010.

LEANDRO, Carol Góis et al. Mecanismos adaptativos do sistema imunológico em resposta ao treinamento físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 13, n. 5, p. 343-348, 2007.

ROSA, Costa; BICUDO, Luiz Fernando Pereira; VAISBERG, Mauro W. Influências do exercício na resposta imune. Revista brasileira de Medicina do Esporte, v. 8, n. 4, p. 167-172, 2002.

SANTOS, Vinícius Coneglian; SANTOS, Aniely Coneglian. < b> Exercício Físico e seus Efeitos Sobre o Sistema Imune dos Idosos. Saúde e Pesquisa, v. 3, n. 2, 2010.

TERRA, Rodrigo et al. Efeito do exercício no sistema imune: resposta, adaptação e sinalização celular. Revista brasileira de medicina do esporte, v. 18, n. 3, p. 208-214, 2012.

 

 


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