De acordo com Guyton (1997), todas as funções do corpo humano são controladas em estado fisiológico por dois grandes sistemas que atuam de forma integrada: o sistema nervoso e o sistema hormonal.
Os hormônios são reguladores fisiológicos que aceleram ou reduzem a velocidade das reações e/ou funções biológicas. A secreção hormonal pode ser regulada também pelo controle neural agindo para evocá-la ou suprimi-la em resposta a estímulos internos ou externos, que podem ser de origem sensorial e podem ser percebidas consciente ou inconscientemente.
Sabe-se que os movimentos em qualquer atividade física, inclusive no Pilates, são estímulo, em maior ou menor grau, para respostas hormonais com influência no corpo e na mente. Mas o que pouco se fala é sobre a influência da postura nessas respostas hormonais.
A reeducação postural pode acionar mudanças emocionais. Há evidências de que mudar o comportamento, incluindo a expressão facial e postura, influencia fortemente nas emoções.
De qualquer forma, avaliar a posição corporal e expressão facial de alguém são determinantes para definir o seu estado emocional. Os seres humanos e outros animais expressam poder através de posturas abertas e expansivas e expressam impotência ou vulnerabilidade através de posturas fechadas e contraídas.
Amy Cuddy, pesquisadora da Harvard Business School, estuda como o comportamento não-verbal e a posição corporal influenciam a percepção dos outros (julgamentos) e até mesmo o próprio cérebro.
Cuddy ficou famosa por seu estudo sobre power posing (pose de poder) que, ao comparar um grupo que adotou a postura de poder a outro que adotou uma postura de vulnerabilidade, observou alterações neuroendócrinas e comportamentais para participantes masculinos e femininos: os posers de alta potência tiveram seus níveis de testosterona elevados, níveis de cortisol reduzidos, aumento da sensação de poder e tolerância a riscos; posers de baixa potência exibiram o padrão oposto.
Em suma, adotar uma posição ereta e imponente causou mudanças psicológicas, fisiológicas e comportamentais favoráveis e adaptáveis, e esses achados sugerem que a incorporação se estende além do mero pensamento e sentimento, até a fisiologia e subsequentes escolhas comportamentais.
A melhora do estado emocional aprimora a postura, assim como a postura influencia o estado emocional. O ser humano tem sua postura moldada no decorrer da vida a fim de proporcionar o "melhor" posicionamento para aquele indivíduo baseado nos movimentos e emoções mais fortemente vividos.
O relacionamento entre as pessoas, ou seja, a forma como se comunicam, ou o quanto existe de proximidade e cooperação nas suas relações, irão influenciar no padrão postural.
Alguns músculos agem para expressar um autêntico impulso interior ou para manifestar um comportamento exigido pelas circunstâncias. Cada impulsão determina gestos preferenciais, e a repetição desses gestos fixa uma tipologia.
Negar que a postura esteja condicionada aos aspectos de vida do ser humano, recebendo características da genética às influências psicossociais, é se eximir da responsabilidade de buscar um atendimento globalizado para o cliente/aluno/paciente.
Por meio do Pilates podemos ajudar pessoas a mudarem suas vidas. Além de prover suporte físico, podemos influenciar emoções, empoderar e mudar mindset.
Ao melhorar a postura de alguém fazendo com que este assuma uma posição mais ereta, mais “poderosa”, o cérebro entende que, de fato esse indivíduo está mais confiante. O ato de sorrir, por exemplo, faz o cérebro achar que está feliz e, por isso, produzir substâncias neuroquímicas que o fazem se sentir feliz de verdade. Os cientistas chamam isso de feedback facial e esse conceito constitui a base da teoria “Finja até virar verdade”.
Cresça a coluna e até a próxima!