Que a música tem a capacidade de transformar momentos não tão bons em situações mais alegres e divertidas, isso é fato. Experimente lavar a louça com e sem música e você verá a diferença.
Agora imagina isso durante uma sessão de treino ou, ainda, pense naquela aula super dinâmica de step ou spinning, só que sem música... não dá, né! A música faz diferença.
Mas até onde o efeito da música pode, realmente, influenciar no desempenho esportivo?
De acordo com a ciência, a música vai agir em três diferentes dimensões: na esfera psicológica, fisiológica e na esfera denominada psicofisiológica.
- Na esfera psicológica a música possui a capacidade de:
- Aumentar a afetividade: é a resposta de prazer que o indivíduo sente enquanto executa a atividade, no caso, o treino;
- Aumentar o flow: pode ser entendido como a qualidade de concentração e foco no que está sendo executado;
- Diminuir o estresse e a ansiedade.
- Na esfera fisiológica a música possui a capacidade de aumentar a eficiência na produção de força, na resposta neuromuscular e integração mente-músculo e na produção energética.
- Já na esfera psicofisiológica o grande benefício é que a música tende a diminuir a Percepção Subjetiva de Esforço, ou seja, mesmo a carga real de treino sendo elevada, ela pode ser percebida de forma mais amena pelo praticante, o que reforça positivamente na questão da afetividade.
Juntando todos esses benefícios podemos ver que treinar ouvindo música pode ser muito vantajoso em treinos de força, velocidade e endurance.
E no caso da corrida?
Especificamente na corrida de rua temos dois pontos: um, que compreende todos os benefícios já mencionados, mas também um que remete à segurança do corredor.
Isso porque, enquanto corremos, temos respostas que o nosso corpo nos transmite que são de grande importância para a atividade: o som da passada, o ritmo e som da respiração, os sons do ambiente e a análise da postura e da técnica de corrida.
Apesar da música gerar vários aspectos positivos, ao colocar os fones de ouvido, o corredor pode acabar perdendo as respostas corporais e negligenciando sinais que o corpo lhe dá. Com o tempo isso pode interferir negativamente na performance e até mesmo na longevidade da atividade.
Ainda é importante salientar que, normalmente, os treinos de corrida são realizados em ambientes ao ar livre, como parques, praças e na rua, e a música pode aumentar o risco de acidentes já que o corredor perde a resposta auditiva do ambiente (buzinas, chamados, avisos, sirenes, latidos, etc).
Resumindo, a música é um grande aliado no treino, principalmente em sessões mais monótonas e longas, mas tenha cuidado e moderação ao utilizá-la.
A dica é: prefira sua utilização em ambientes mais controlados e quando usar, faça pausas curtas durante o treino retirando os fones de ouvido e percebendo as respostas do seu corpo em relação ao exercício.
E é isso aí! Play nos treinos e até a próxima.
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Referências
Terry, P. C., Karageorghis, C. I., Curran, M. L., Martin, O. V., & Parsons-Smith, R. L. (2020). Effects of music in exercise and sport: A meta-analytic review. Psychological Bulletin, 146(2), 91-117. http://dx.doi.org/10.1037/bul0000216
COVA, Larissa Pereira; CASTANHO, Gabriela Kaiser Fullin; FERNANDES, Paula Teixeira. Música e exercício físico: revisão de literatura. Conexões, Campinas, SP, v. 15, n. 2, p. 200-209, jun. 2017