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Como manter o Sistema Fascial equilibrado e eficiente? (Parte 2)

Como manter o Sistema Fascial equilibrado e eficiente? (Parte 2)
Priscilla Severo Cortez
jul. 8 - 5 min de leitura
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No meu post anterior, eu fiz a introdução do conceito de fascia e mostrei o porquê dessa estrutura ser tão importante para o nosso organismo e função.

No post de hoje, venho trazer conceitos sobre a transferência de energia e como manter nosso sistema fascial de forma equilibrada e eficiente.

 

Entendendo um pouco mais sobre a estrutura e função da Fascia

A fáscia serve tanto funções generalizadas quanto funções mais especializadas localmente. Ela se alinha ao longo das linhas de tração - o arranjo é frouxo e irregular onde a mobilidade é necessária.

Uma tração mais forte resulta em um aumento na quantidade de colágeno e na organização linear das fibras. Por exemplo, para permitir o movimento, a camada mais móvel é composta por fibras irregulares, multidirecionais e densidade solta; para gerar estabilidade o tecido é muito denso e possui alinhamento direcional, como no caso dos tendões e ligamentos.

Os tecidos variam de acordo com o movimento imposto a eles e as demandas dimensionais. De acordo com Myers (2014), cada movimento cria uma carga elétrica. A fáscia se alinha ao longo da carga criada pelas linhas de tração, como a agulha de uma bússola. O aumento da tensão gera mais colágeno e endurece a matriz. Por consequência, a tensão faz com que as células secretem substâncias químicas (TGF-B1)*, o que também cria mais rigidez e formação de colágeno. (Hinz, 2013). Essa é a sinalização mecânica, elétrica e química que estimula a organização da matriz.

 

E por que a organização da matriz é tão importante?

Segundo Findley, de 30 a 50% do estresse longitudinal exercido por um músculo é transmitido para outras estruturas fasciais alem do tendão associado.

Em um estudo realizado em 2009 por Franklyn-Miller, onde eles avaliaram a transmissão de tensão durante o teste de elevação de uma perna (SLR test), demonstrou que a tensão distribuída para áreas de grande alcance do corpo. De fato mais tensão pode ser sentida em outras áreas alem da área de alongamento.

Neste caso, os isquiotibiais tiveram uma transmissão de 100% de tensão ao mesmo tempo que o trato iliotibial, a fáscia lombar ipsilateral e o tendão de Aquiles alcançaram 240%, 145% e 100% respectivamente.

Isso nos mostra, mais uma vez, que por mais que um exercício/movimento seja isolado, ele estará influenciando ou será influenciado por uma estrutura que não esteja diretamente envolvida naquele processo. 

 

E como saber que uma fascia é saudável?

A fascia saudável tem ondulações, é viscosa e brilhante quando bem hidratada, desliza suavemente nas camadas circundantes além de se comunicar com os tecidos ao redor.

Em uma fascia “doente”, o tecido é depositado onde maneira aleatória, desidratada e forma aderências que podem limitar o movimento e forcar a transmissão. (Schleip, 2013).

A fáscia jovem normalmente é considerada saudável enquanto a velha é considerada doente, pelo fato da perda de da capacidade elástica envolvida no processo de envelhecimento. A prática de exercícios físicos pode ajudar a reverter este processo, trazendo mais qualidade jovial ao sistema fascial.

 

E como movimentar de forma eficiente a fim de manter uma fascia saudável?

Exercícios de pandiculações - alongamentos involuntários de tecidos moles como ocorre na maioria dos animais (gatos, cachorro) - são considerados um “reset fascial”.  Eles auxiliam na reinicialização dos músculos em repouso para redefinir, reorganizar e preparar o corpo para o movimento. (Bertolucci, Walusinski, 2006).

A Yoga, o Pilates e a danças são exemplos de práticas físicas que auxiliam nesse reset. Além disso, o uso de acessórios que estimulam o mecanismo sensorial da fascia, como a propriocepção, cinestesia, exterocepção e interocepção, auxiliam no processo de acordar o corpo da anestesia sensorial (Myers) e na manutenção de um sistema fascial saudável.

O princípio da esponja citado por Schleip (2013) fala sobre a reidratação do tecido através do estímulo externo (manual ou com algum acessório) - ele espreme como se jogasse água fora e, uma vez passado esse estímulo, essa esponja (matriz extracelular) reabsorve o que esta ao redor, com o intuito de reequilibrar as substâncias que compõem o tecido fascial.

Por isso as preparações para o movimento, como um bom aquecimento, são tão importantes quanto o treino em si, quando pensamos em qualidade e saúde do sistema fascial.

 

Referências Bibliográficas:

Bertolucci, L.F: Pandiculation: Nature's Way of Maintainingteh Functional Integrity of the Myofascial System?, Journal of Bodywork and Movement Therapies 15 (2011). 26

Franklyn-Miller, A; Falvey, E; Clark, R: The Strain Patterns od the Deep Fascia of the Lower Limb, Fascial Research Congress. Poster presentation (2009)

Merrrithew. Fascial Movement Foundation Course: Level One - Student Workbook. (2018)

Myers, T.W: Fascia and Biomechanical Regulation, Anatomy Trains. 3rd edition. Edinburgh: Elsevier (2014). 13-64

Schleip, R: Fascial Plasticity - A New Neurobiological Explanation, Part 1, Journal of Bodywork and Movement Therapies 7 (2003). 11-19

Schleip, R; Muller, D: Training Principles for Fascial Connective Tissue: Scientific Foundations an Suggested Practical Applications, Journal of Bodywork and Movement  Therapies 17 (2013).

Walusinski, O: Yawning: Unsuspected Avenue for. abetter Understanding of Arousal and Interoception, Medical Hypothesis 67:1 (2006). 6-14.


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