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OS SEGREDOS DA CALISTENIA - Da Origem aos Métodos mais Modernos: Da Grécia para o mundo.

OS SEGREDOS DA CALISTENIA - Da Origem aos Métodos mais Modernos: Da Grécia para o mundo.
Felipe Kutianski
jun. 29 - 6 min de leitura
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O isolamento social desencadeado pela pandemia global, fez com que a calistenia se tornasse mais popular entre as pessoas que optaram por manter seu ritmo de treino na quarentena em suas casas. 

Centenas de “programas”, “métodos” e “coaches” surgiram repentinamente nas mídias sociais oferecendo treinos calistênicos revolucionários (mesmo sem fundamento e experiência calistênica nenhuma)

Ao longo de 5 volumes, e vou trazer todas as histórias, curiosidades e fundamentos da calistenia clássica (sim, existem vários tipos de calistenia), além de explicar de forma clara e científica por que a calistenia está ganhando cada dia mais adeptos ao redor do mundo todos os dias.

O berço grego

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Quando estudamos a palavra calistenia, somos transportados para a palavra grega: Kállosthénos. Traduzindo de forma simples, seria algo como: “a beleza da Força”, onde remete-nos à potência física e virilidade do sujeito. 

Inúmeros historiadores já apontaram diversas formas de atividades calistênicas em toda região do mediterrâneo através de escrituras e relatos de treinamentos militares para combate. Séculos mais tarde, os próprios romanos adotaram essa linha para desenvolver-se através dos exercícios, criando uma união de corpo e mente, o que é popularmente conhecido no poema de Juvenal: “Mens sana in corpore sano” (Uma mente sã num corpo são).

Os cavaleiros medievais

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Mesmo no período histórico mais controverso em relação aos estudos da prática de exercício físico, é possível encontrar estudos históricos colocando práticas calistênicas como forma de treinamento militar de determinados grupos sociais e para eventos da realeza. Muitos cavaleiros praticavam rotinas de treinamento (sem nosso olhar da periodização, é claro), em eventos de caças e simulação de combates. 

O nascimento da palavra Calistenia

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A palavra calistenia só começou a ser usada por volta do século XIX. Hoje é possível observar duas linhas históricas da modalidade: uma europeia e outra norte-americana. A difusão europeia é concedida ao suíço Phokion Heinrich Clias, pelos meados de 1810, quando já trabalhava como professor de ginástica na cidade de Berna. 

Já na expansão para a América, está atribuída aos discípulos do Alemão Friedrich Ludwig Jahn, que trouxeram sua versão de ginástica ao continente americano por volta de 1828. Segundo muitos historiadores, foi Friedrich Ludwig Jahn que promoveu a introdução das barras paralelas, das argolas e das barras altas nas competições internacionais de ginástica. 

Entretanto, muitas pessoas ainda se confundem com a separação de ginástica e calistenia. 

De forma bem simples, a ginástica seria como uma linha disciplinar das escolas alemãs, suecas e dinamarquesas, utilizando-se ou não de alguns aparelhos específicos. A calistenia, muito aplicada na Suíça do século 18, era denominada como “exercícios livres”, ou seja, sem qualquer aparelho ou linha estrutural pedagógico. Por muitos anos, a linha metodológica sueca e alemã ditaram as tendências da evolução da calistenia, principalmente pela sua fragmentação didática:

1.  Ginástica pedagógica e educativa: tem como principal pilar uma participação geral, independente de sexo, idade ou condicionamento. Essa linha tende a manter um foco maior no desenvolvimento da qualidade de vida do aluno, trabalhando como uma forma preventiva.

2.   Ginástica militar: o principal objetivo dessa linha é deixar os soldados preparados fisicamente para o combate. Para isso, utiliza-se exercícios e ambientação que estimulem essa prática.

3.   Ginástica médica e ortopédica: essa linha tende a desenvolver um trabalho de eliminação de determinados vícios, principalmente posturais como; sentar, agachar, caminhar, saltar, etc.

4.  Ginástica estética: tende suas ações para um desenvolvimento mais simétrico possível dos grupamentos musculares, além de explorar outras qualidades físicas como força, flexibilidade, coordenação motora, capacidade cardiorrespiratória, sempre deixando a intensidade do exercício como pilar central.

As quatro linhas tradicionais europeias até hoje estão presentes em nossa rotina de treinamento, pois é impossível pensar em exercício físico sem ter um olhar educacional e preventivo, além das modalidades contemporâneas como CrossFit e Bootcamp, e suas raízes na ginástica militar do século passado.

Strict Muscle Up Contest | False Grips

Claro que muitos detalhes do século XIX hoje não são aplicáveis, mas ainda é possível perceber que os princípios básicos da calistenia são mantidos: seleção, precisão, totalidade, progressão, unidade e adaptação.

  • Princípio da Seleção: os exercícios e as rotinas devem ser escolhidos e montados de acordo com cada objetivo comum ou coletivo dos alunos.
     
  • Princípio da Precisão: a execução de cada exercício deve respeitar a maior qualidade possível de movimento, velocidade e técnica.
     
  • Princípio da Totalidade: visa a um trabalho totalmente globalizado, onde seja possível manter o maior número de grupamentos musculares e qualidades físicas ativas durante o treino.
     
  • Princípio da Progressão: procure potencializar os estímulos aplicados aos exercícios, através do aumento do volume e intensidade dos treinamentos.
     
  • Princípio da Unidade: os exercícios devem ser planejados e executados de uma forma a não conflitar ou sobrecarregar as qualidades físicas já trabalhadas ou fatigadas anteriormente.
     
  • Princípio da Adaptação: procura dar mais atenção aos limites e características fisiológicas de cada aluno, sempre dentro de três preceitos: idade, nível de aptidão física e fatores clínicos limitantes.

Por fim, podemos concluir que a calistenia clássica segue todos esses princípios em suas práticas, além de sugerir uma linha didática para a evolução dos seus exercícios:

1.     Prática de desenvolvimento do hábito do treinamento e coordenação motora;

2.     Exercícios globais preparatórios de moderada intensidade;

3.     Movimentação de extensão e flexão da coluna vertebral;

4.     Iniciação de exercícios compensatórios;

5.     Exercício bilaterais;

6.     Trabalho de propriocepção;

7.     Exercícios abdominais em todos os eixos sagitais;

8.     Controle e compreensão da velocidade de execução dos movimentos;

9.     Trabalho respiratório;

10.  Intensificação da explosão, força e isometria muscular.

Depois de toda essa contextualização, podemos dizer que a calistenia é um modelo de treinamento delineado, que está fortemente inserido no processo cultural e histórico do universo fitness, por isso mantendo-se tão primitivo e contemporâneo ao mesmo tempo.

Aguardo vocês para o volume 2...

Abraço!


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